terça-feira, 11 de setembro de 2007

Serapias parviflora

Uma estória curiosa, que apenas mostra que nunca devemos andar sem a máquina fotográfica...

Num dia de Maio, num relvado de um parque de escritórios nos arredores de Lisboa, encontrei uma colónia espectacular de cerca de 10-12 indivíduos de Serapias parviflora.

Era de manhã. Na hora do almoço, fui a casa (moro em Lisboa) buscar a máquina, para constatar, quando lá voltei cerca das 3 da tarde, que tinham acabado de cortar a relva ... e as orquídeas. Todas menos uma, que situada muito na orla do relvado, tinha escapado. Foi só essa que acabei por fotografar, e cujas fotos apresento.

Uma nota final: ainda tentei encontrar os restos da relva cortada e das orquídeas, mas já iam a caminho da lixeira municipal...



Serapias parviflora na orla de um relvado em Porto Salvo


Pormenor do exemplar anterior


Pormenor da flor

sábado, 8 de setembro de 2007

Anacamptis pyramidalis

A Anacamptis pyramidalis, de nome comum Satirião-menor, é uma orquídea terrestre calcícola, ou seja, só existe em zonas alcalinas, resistindo mesmo a zonas muito alcalinas.


Anacamptis junto a Vila Verde dos Francos

Pode ser encontrada na zona calcária oeste, entre o Sado e o Vouga, entre o Tejo e o mar, numa faixa de cerca de 60 km de largura, mas também no Algarve. Não existe portanto na zona adjacente a Espanha, desde o Rio Minho ao Guadiana ... embora seja citada por ser a orquídea mais abundante na Península Ibérica.

É reconhecível pela inflorescência em forma de pirâmide compacta (daí o nome da espécie ...) formada por flores rosadas ou arroxeadas, que pode ter uma altura de 30 cm. Tem um cheiro adocicado.

Pormenor do exemplar anterior

É uma das espécies incluídas no anexo B do Regulamento (CE) n.o 338/97, cuja introdução na Comunidade é suspensa.


Pormenor da flor da Anacamptis pyramidalis

A raíz desta orquídea (à semelhança de outras), seca e moída, dá um pó fino, chamado “salep”. Uma descrição que encontrei, em língua galega (muito curioso, o galego !) do salep, acessível em http://www.zonalibre.org/blog/clop/archives/075316.html :

Moendo o tubérculo seco de algunhas especies de orquídeas, obten-se un po amarelo, o salep, que se utiliza para preparar unha bebida quente que se bebe en Turquía. Tamén se utilizou como reconstituinte para convalecientes pero as suas propiedades non foron cientificamente probadas. Está formado o po por mucílago, azúcar e almidón. Co mucílago tamén se fai unha xalea para as irritacións dos intestinos.

Para quen queira preparar o salep unha receta: recolle-se o tubérculo lateral e ferve-se en auga ou leite antes de po-los a secar (pasase-lles un fio e penduran-se a secar) e facer o po. Unha culler de po, outra de fécula de pataca, outra de fécula de arroz, sucre, e medio litro de leite. Deixa-se ferver dez minutos e sirve-se con canela e moi quente. Eu non o preparei, cando vaia a Turquía xa o beberei. No caso das lavativas via rectal espero non ter que usa-las.

Anacamptis da Serra da Boa Viagem (Figueira da Foz)

Pormenor do exemplar anterior

Outras referências:

http://www.botanical.com/botanical/mgmh/o/orchid13.html