domingo, 1 de julho de 2012

A Dactylorhiza markusii de Bornes

 O povoamento de castanheiros

A Dactylorhiza markusii (ou D. sulphurea, conforme a Flora Iberica e a Nova Flora de Portugal, de L. Amaral Franco e M.L. Rocha Afonso, 2003) é uma planta lindíssima, com flores de um amarelo vivo, o que não é comum nas orquídeas (normalmente entre o branco e o rosa, violeta, ou castanho).

Partilha esta carateristica com outra espécie deste género (a D. insularis, de que falei anteriormente).

Esta população encontra-se num souto jovem na Serra de Bornes, em conjunto com C. longifolia e N. maculata.

 Um grupo de 3 exemplares

 A beleza da D. markusii

 Um pormenor da inflorescência

 
É bem visível o esporão ascendente

Estes exemplares foram observados numa saída da AOSP, com a colaboração de José Monteiro.

terça-feira, 26 de junho de 2012

A Dactlylorhiza elata de Vagos

2 exemplares no terreno
 
Junto a Vagos, em zonas planas, a cotas baixas (altitude menor que 10 m), prados húmidos e não cultivados, existem ainda grandes populações desta espécie.

Este ano, floresceram um pouco mais tarde que o habitual (início de Junho).


 Pormenor da inflorescência, sendo visíveis as longas brácteas

É uma planta muito robusta (vi exemplares com mais de 1,2 m !) com uma linda influorescência violeta. 

Distingue-se das outras espécies mais parecidas, a D. maculata e a D. caramulensis, pelo caule fistuloso, ou seja, com um canal central, oco (em oposição a meduloso, ou seja, com o espaço medular preenchido), pelos folhas concolores (em oposição a folhas com manchas purpúereo-anegradas), e pelo labelo subconduplicado, ou seja, dobrado pela nervura média, ficando com 2 abas iguais (em oposição a plano ou convexo).


É a única representante do grupo D. praetermissa presente em Portugal. Este grupo é um dos 8 em que P.Delforge (2006) divide o género Dactlylorhiza.  
 


  Exemplar com frutificação avançada

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Dactylorhiza insularis do Azibo



Foi a segunda vez que vi esta espécie. A anterior tinha sido em 2007, na Serra de Montejunto. Desta vez, junto à albufeira do Azibo, onde também encontramos D. markusii.

A D. insularis não é uma espécie abundante. Com uma influorescência amarela, apresenta normalmente pontos vermelhos no labelo, que servem para a distinguir sem mais precalços.



Mas há exemplares que não têm estes pontos vermelhos, como o que se apresenta a seguir, e aí a coisa é mais complicada.


A principal diferença para a D. markusii é o esporão, que na D. insularis é horizontal, reto ou ligeiramente curvado para baixo, e na D. markusii é ascendente, curvado para cima (P. Delforge, 2006).

Dactylorhiza é um género de criação recente (Necker ex Nevski 1937), sendo as espécies anteriormente incluídas no género Orchis


Por uma questão de curiosidade, A.X. Pereira Coutinho, o pai da Botânica sistemática portuguesa, na sua obra "A Flora de Portugal", de 1913, atribuia os nomes de Orchis provincialis à D. insularis "pontuada de vermelho", Orchis sambucina à população da Serra de Montejunto (esporão descendente), e Orchis pseudo-sambucina à atual D. markusii (esporão horizontal).

Agradeço à AOSP pela organização, e ao José Monteiro pelas, aliás como sempre, preciosas indicações.

domingo, 17 de junho de 2012

A Dactlylorhiza foliosa da Madeira


A Dactlylorhiza foliosa é uma espécie endémica da ilha da Madeira, e ainda relativamente abundante (bem ao contrário de outros endemismos, como a Goodyera macrophylla ou a Orchis scopulorum). A floração acontece normalmente em finais de Junho (como em 2011), mas este ano começou em finais de Maio. Também na Madeira este foi um ano mais seco que o normal.


É uma planta robusta, com uma bela inflorescência em tons de violeta, que tanto cresce no solo, em barreiras de estradas e aceiros, nas fendas dos muros, em declives mais ou menos acentuados.


 A D. foliosa só cresce em sítios sombrios, e nas encostas da ilha viradas a norte, normalmente até cerca de 1.000 m de altitude. No entanto, vi 2 exemplares a cerca de 1.600 m de altitude, na estrada de acesso ao Pico do Areeiro.



À sombra de enormes loureiros, exemplares transplantados apresentam-se em muito boa forma, num canteiro na zona do viveiro do Ribeiro Frio.


Do outro lado da estrada, exemplares plantados ao Sol num canteiro apresentam-se raquíticos, sem florescerem em condições.


 Por falar em Goodyera, um dos exemplares do Ribeiro Frio, fotografado o ano passado em plena floração no início de Setembro, apresenta este ano em 16 de Junho uma promissora inflorescência em crescimento. Será um sinal de que também para esta espécie a floração este ano será mais cedo ? Valerá a pena percorrer a Levada do Rei em princípios de Agosto ?


Um grande agradecimento ao amigo Manuel Pita por toda a assistência prestada.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

As orquídeas do Pinhal da Praia das Maçãs (3) - Neotinea maculata

Num ano atípico para as orquídeas, como está a ser o presente, dado os valores anormais do binómio temperatura / pluviosidade de 2012, houve no geral, espécies que não chegaram a florescer, e outras com um desfasamento no aparecimento das flores de cerca de 1 mês.

No pinhal da Praia das Maçãs, este ano viam-se muitas folhas desta espécie, mas muito poucas floresceram. Quase que se contam pelos dedos. A chuva, que deu uma grande ajuda noutras espécies mais serôdias, chegou tarde de mais para esta.


  Folhas de Neotinea maculata em 3 de Março de 2012 - notar que parte delas foi comida

Idem, 30 de Março de 2012, com folhas já a amarelecerem sem que as plantas tenham florido

 2 de Abril de 2011

A influorescência da mesma planta

 Uma das maiores influorescência de N. maculata que já vi - Bornes, 28 de Abril de 2012








terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ainda a Serapias perez-chiscanoi


A descrição desta espécie, feita inicialmente por Jose Luis Perez-Chiscano em 1988 como S. viridis, foi posteriormente alterada por Acedo em 1990 para S. perez-chiscanoi, dado existir uma espécie com o mesmo nome no Brasil.

Quer Perez-Chiscano quer Acedo referem-se a esta espécie como "la serapia verde", ou seja, referindo-se à cor verde clara, esbranquiçada ou amarelada do talo, folhas e flores.

Mas a descoberta de novas populações da mesma espécie, quer em Espanha, quer em Portugal, veio acrescentar a questão da coloração avermelhada parcial ou completa de algumas flores. Esta questão tem sido estudada, entre outros, por Caspar Venhuis.

Existem, na Serra de Sicó, em coexistência com exemplares do tipo "normal", outros em que o exterior do hipoquilo é avermelhado, outros ainda em que toda a flor é vermelha escura.

Estes exemplares estão descritos em "Distinguishing colour variants of Serapias perez-chiscanoi (Orchidaceae) from related taxa on the Iberian Peninsula" (http://rjb.revistas.csic.es/index.php/rjb/article/viewFile/357/351), sendo apresentadas em seguida algumas fotografias
.



  Alvito
Serra de Sicó

Serra de Sicó

Quanto à distribuição desta espécie, que originalmente (Tyteca, 1998) estava confinada em Portugal a uma certa zona do Alentejo, foram entretanto encontrados diversos exemplares em outras áreas do País, além da Serra de Sicó - São João da Pesqueira, Alvito, e Abrantes.

As orquídeas do Pinhal da Praia das Maçãs (2) - as primeiras do ano

Este ano, o aparecimento das orquídeas foi adiantado cerca de 3 semanas, com uma inversão na ordem. Primeiro, a Gennaria dyphilla, e só depois a Barlia robertiana.

As fotos que se seguem foram tiradas em 23 e 29 de Janeiro de 2012. A da Barlia foi a única que encontrei, enquanto que existem já centenas de Gennaria.

 23 de Janeiro de 2012

29 de Janeiro de 2012