sábado, 27 de julho de 2013

Em busca da Gymnadenia

Afinal, não esperei por 2014. A oportunidade aconteceu, uns dias apenas após o meu post de 13 de Julho, o amigo Américo Pereira guiou-me, e lá fui ao Gerês à procura da Gymnadenia conopsea. 
 
 O nosso objetivo

Aviso já que este post vai ter a ver mais com escalada do que com … orquídeas !

Começámos bem cedo a subida, junto da Casa do Guarda da Portela de Leonte (862 m de altitude). Aí comecei a perceber o que me esperava! E este caminho foi construído, e ainda hoje serve, para a subida de gado vacum, nos meses de Verão, para os prados de altitude, onde ainda subsiste pasto nessa altura do ano.

Vista do Pé de Cabril (1234 m de altitude), do outro lado do vale do Rio do Gerês, a cerca de metade da subida

Já mais perto do final da subida

Vista para Norte: lá no fundo, Espanha


O Pé de Cabril no final da subida

A caminho do Prado de Mourô

Chegados ao Prado de Mourô (1100 m de altitude). Este prado estava totalmente rapado, o que queria dizer que as vacas já tinham ido para altitude superior.

O Abrigo de Mourô

Mourô já ficou para trás

Já se via o Borrageiro (1430 m de altitude)

Todo o trilho está sinalizado por mariolas, algumas bastante sugestivas …

Continuamos a subir

Vista para o vale do Rio Teixeira

Agora mais perto, más notícias: as vacas estavam bem em cima do local !?!

O nosso objetivo


Uma manada feliz

As Gymnadenias encontradas estavam já todas frutificadas. 10 dias antes estavam em plena floração !

Fica a beleza das Erica

Escondida mo meio da vegetação, o prémio de consolação: a Dactylorizha ericetorum

 


 
  Dactylorizha ericetorum

                     Ao fundo, no primeiro plano, o Muro, na Serra Amarela (1359 m de altitude)

Resta saber se para o ano consigo passar o Borrageiro e chegar aos prados da Messe e do Conho … onde existem exemplares hipocromáticos e o híbrido Dactylorhiza ericetorum x Gymnadenia conopsea (que, já agora, ainda não encontrei descrito!).

sábado, 20 de julho de 2013

As Spiranthes

Em Portugal existem 2 espécies do género Spiranthes: a Spiranthes spiralis e a Spiranthes aestivalis.

São plantas que podem ter muito pequeno porte – tenho visto muitas plantas adultas com 9 - 10 cm de altura – pelo que a sua procura pode ser bem difícil.

Morfológicamente semelhantes entre si – com as características pequenas flores brancas implantadas em espiral - são no entanto muito diferentes relativamente ao hábito e à altura da floração.

Enquanto que a S. aestivalis floresce na altura da maioria das orquídeas – basicamente durante o fim da Primavera (Maio – Junho) – a S. spiralis floresce no Outono (Outubro).

O hábito também varia, sendo a S. spiralis uma planta mais frágil, enquanto que a S. aestivalis é mais robusta.

As outras diferenças principais são:

S. spiralis – folhas lanceoladas em roseta, influorescência pilosa.
S. aestivalis - folhas lineares inseridas no talo da influorescência, que é glabra (sem pilosidade).

As fotografias de S. spiralis foram tiradas em Pinheirinhos, PN Arrábida, em 23 de Outubro de 2010, e as da S. aestivalis foram tiradas no Mindelo, Vila do Conde, em 18 de Julho de 2013.

 



 Spiranthes spiralis








 Spiranthes aestivalis

sábado, 13 de julho de 2013

Faltou um bocadinho … assim …

Pois faltou um bocadinho … assim … Estou a referir-me às minhas observações em 2013 de 2 das orquídeas terrestres raras em Portugal: Cephalanthera rubra e Epipactis fageticola.

Em saídas da AOSP, por terras de Bragança e na Serra da Estrela, encontrámos exemplares destas espécies. Em outros anos, já floridas nessa altura do ano. Mas este ano, chuvoso quando não era preciso, e seco quando não devia, a generalidade das orquídeas estará atrasada 2 a 3 semanas, mas outras nem chegam sequer a florir, por falta de água na altura certa.

São ambas espécies que vivem em soutos, portanto na sombra. Não são plantas robustas. A Epipactis demonstra alguma preferência por terrenos próximos das linhas de água, o que é patente pela altura de inserção das primeiras folhas.

A Cephalantera rubra está há muito referenciada para Portugal, embora somente para Trás-os-Montes. Quanto à Epipactis fageticola, trata-se de uma descoberta recente, no Souto do Concelho, Manteigas.
 


Epipactis fageticola - Ribeira de Leandres, souto do Concelho, junto ao Poço do Inferno, Manteigas




Cephalanthera rubra – Fresulfe, Bragança

Epílogo: A Serra da Estrela não fica assim tão longe de Lisboa, ao contrário de Bragança (metade do caminho!). Pelo que passada uma semana, meti-me outra vez à estrada para tentar fotografar a Epipactis fageticola com a flor aberta. E com sucesso ! Aqui está ela. Notar o hábito pendente da influorescência.





Objetivo para 2014: observar a Gymnadenia conopsea, outra das raridades, que só existe nas serranias do Gerês. E já agora, à boleia, a Dactylorhiza ericetorum, mais vulgar, mas que ainda não encontrei. O amigo Américo Pereira sabe onde elas estão! Então um hibrido entre as duas, seria ...extraordinário.